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sábado, 13 de novembro de 2010
Tabela não dá descanso a jogadores e a torcida
Do Jornal do Commercio
A pouco mais de dois meses da estreia do Campeonato Pernambucano, a primeira grande polêmica estourou ontem. A tabela divulgada pela Federação Pernambucana de Futebol (FPF) fere as Normas Orgânicas do Futebol Brasileiro (RDI 01/1991). Os primeiros imbróglios jurídicos podem surgir bem mais cedo do que o esperado. Mas uma simples autorização especial da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pode evitar transtornos nos tribunais. Todos os clubes assinaram uma ata dando “compreensão” ao início incômodo.
O Estadual do ano que vem prevê a realização de sete jogos em 15 dias, uma média de uma partida a cada dois dias. A princípio, a CBF determina um intervalo mínimo de 66 horas entre um confronto e outro. Nos cinco primeiros dias da competição, a tabela prevê três rodadas. O Náutico, por exemplo, estreia em casa diante do Petrolina num domingo, viaja para enfrentar o Araripina na terça-feira e viaja novamente para enfrentar o Salgueiro na quinta-feira.
O roteiro segue assim, apertado para todas as equipes do dia 16 de janeiro até 2 de fevereiro. O primeiro desafogo vem apenas entre a sétima e a oitava rodadas, quando os times terão cerca de 90 horas de intervalo entre um compromisso e outro. Depois disso, a competição passa a apresentar duas rodadas por semana. Só não haverá partidas nos meios de semana quando Sport, Náutico e Santa Cruz atuarem pela Copa do Brasil.
O aperto no calendário pernambucano acontece em decorrência da desobediência da entidade local em relação ao espaço concedido para os Estaduais. A CBF determina em seu cronograma 23 datas para as competições locais, mas novamente o Campeonato Pernambucano será disputado em 26 datas. “É preciso olhar a tabela por inteiro, não só as primeiras rodadas. Dá para ver que tudo foi feito para beneficiar os clubes pernambucanos, que é o maior interesse da federação”, justificou o diretor-técnico, Murilo Falcão.
No Estado, ainda há um agravante: a realização do Carnaval, com festejos em todas as regiões. A Polícia Militar solicita a paralisação da competição porque precisa concentrar esforços para cuidar da segurança durante a folia. Este ano, o Pernambucano vai parar no dia 27 de fevereiro e só vai voltar no dia 9 de março, na Quarta-Feira de Cinzas, com a abertura da 15ª rodada.
O presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Carlos Alberto Oliveira, lembrou que a tabela foi confeccionada com a concordância dos clubes. O acordo livra logo no início da competição os compromissos realizados em Petrolina, Araripina e Salgueiro. “Infelizmente, o calendário é estreito, e vai ser uma maratona nas primeiras rodadas, mas vai ser assim para todo mundo”, comentou o dirigente tricolor Albertino dos Anjos.
O representante do Sport na FPF, Severino Otávio, também lamentou a sequência de jogos no início, mas entendeu as razões. “Quatro jogos em uma semana não é uma coisa saudável para ninguém. Mas tem que ver os motivos. A FPF fez isso para livrar as quartas-feiras da Copa do Brasil. O importante é que não haja vantagem para ninguém. É ruim para todo mundo”, argumentou Branquinho.
De Brasília, o presidente alvirrubro informou que, quando retornar, vai procurar o próprio Carlos Alberto Oliveira para conversar. “Essa tabela tem que ser mudada porque fere a lei. Isso não é campeonato de vôlei, em que os clubes jogam todos os dias. Se o sindicato dos jogadores procurar a Justiça, ganha uma liminar para barrar essa competição em 30 minutos. A tabela vai mudar”, comentou Berillo Júnior, que é advogado trabalhista.
O presidente do Tribunal de Justiça Desportiva de Pernambuco (TJD-PE), Marcelo de Albuquerque Oliveira, explicou que o tribunal só pode agir caso seja provocado por clube, atleta ou torcedor. “Neste caso, encaminharíamos para a procuradoria, que tem a função de averiguar a procedência ou não da reclamação e dar prosseguimento aos trâmites normais do processo”, comentou.
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