domingo, 3 de junho de 2012

Mancini e Gallo: amigos para sempre


Do Jornal do Commercio
“Mancini para vocês. Para mim, é Vágner.” O recado direto de Alexandre Gallo, no início da entrevista, dava o tom que a formalidade estava dispensada do encontro. Afinal, os atuais treinadores de Sport e Náutico se conhecem há muito tempo.
Conterrâneos de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, Mancini e Gallo são amigos de infância. Cresceram juntos, entre uma peripécia e outra – para desespero dos pais e mães, que se falavam pelo telefone para fazer queixas –, e jogaram juntos nas categorias de base do Botafogo-SP. Ambos se profissionalizaram e seguiram suas carreiras, sem nunca ter o privilégio de atuarem do mesmo lado.
Mas quem disse que isso foi motivo para arrefecer a amizade? Pelo contrário, sempre quando possível, os dois se encontravam para um bate-papo. “Têm certas amizades, pela essência, que não exigem a necessidade de estar sempre em contato. Mas quando a gente se encontra, são horas e horas de conversa”, disse Mancini. Agora, morando no mesmo hotel, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, os encontros vão ficar mais frequentes. O único assunto proibido será a lista de reforços indicados para seus respectivos clubes, claro.
Na verdade, as duas famílias tinham uma relação de amizade antes do nascimento da dupla. Mancini nasceu em outubro de 1966. Sete meses depois, Gallo veio ao mundo. Com um frequentando a casa do outro, o nascimento da amizade foi uma coisa natural. “A nossa principal diversão era andar de bicicleta pela cidade. Tivemos uma juventude com muita liberdade”, relembrou Gallo.
A “bike”, aliás, teria papel importante na vida dos dois. Na adolescência, Mancini entrou para um time de bairro, o Arca. Gallo relutou para fazer parte do “escrete”. Mancini convenceu o amigo e o levou para o primeiro “treino” em uma bicicleta.
Do Arca, ambos migraram para o Regatas, também de Ribeirão Preto. O clube era frequentado assiduamente pela turma a qual os dois faziam parte, que adorava jogar sinuca. E também aprontar. “Existia um rio, com uns pedalinhos. Então, a gente os soltava para fazer os funcionários mergulharem para pegá-los toda vez que uma pessoa queria passear”, revelou Mancini. A dupla tinha a proteção do pai de Gallo, então vice-presidente do clube.
Mas já era hora de fazer a transição dos clubes amadores para um profissional. A dupla passou a defender o Botafogo de Ribeirão Preto. Não sabiam eles que a categoria de base do Botafogo seria a única oportunidade de jogarem juntos. Mancini se transferiu para o Guarani, de Campinas, e os dois travaram bons duelos pelos campeonatos paulistas de base.
Tanto Mancini como Gallo se profissionalizaram. Volante de marcação, mas com habilidade para jogar com a bola nos pés, Gallo foi três vezes vice brasileiro, por Santos, Portuguesa e Atlético-MG. Mancini, também meio-campista, defendeu, entre outros, Guarani, Grêmio e Sport. Treinadores desde 2004, quis o destino que os amigos se encontrassem no Recife, algo que aconteceu em Salvador, alguns anos atrás, quando Gallo comandava o Bahia e Mancini o Vitória. 

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