Após um ano de 2011 de sucesso, com título estadual e a saída da Série D, o Santa Cruz deu vexame no Arruda e amarga a sua primeira decepção em 2012. Os tricolores tiveram uma atuação pífia e foram derrotados pelo Penarol-AM, pelo placar de 3 a 2, e estão eliminados da Copa do Brasil logo na primeira fase.
A queda precoce é ainda mais dolorida porque a equipe tinha vencido na ida por 2 a 1 e se classificaria com qualquer empate e até derrota de 1 a 0. Os gols marcados fora de casa fizeram a diferença para o time amazonense, da cidade de Itaquatiara, que fez um bom jogo, de forma séria e determinada, e foi merecedor do triunfo.
O resultado também é péssimo do ponto de vista administrativo, pois o Santa Cruz deixará de ter uma grande receita num possível confronto com o Atlético-MG já na segunda fase da competição. Em 2011, foi arrecadado cerca de R$ 1 milhão no confronto com o São Paulo, justo na segunda fase.
O JOGO
Passivo na marcação, lento na busca pelo o ataque, aceitando que o adversário definisse o ritmo da partida, este foi o Santa Cruz desde o começo. No campo ofensivo, o time coral não tinha inspiração. Insistia em cruzamentos para os atacantes Geílson e Dênis Marques, sempre à espera na grande área.
O Penarol, necessitando marcar pelo menos dois gols para se classificar, buscava valorizar a posse de bola e atacar também pela direita, contando com o lateral-direito Isaac, com muita vocação ofensiva. Os amazonses encontraram em Fininho o seu organizador de jogadas. Ele, que não jogou na primeira partida, centralizava a distribuição de bolas da equipe.
Aos seis minutos, Isaac recebeu do volante Rondinelli, avançou pela ponta e cruzou para a área. A zaga tricolor não afastou, e Marinelson chegou no segundo poste escorando para as redes, abrindo o placar.
Os tricolores não conseguiam imprimir um ritmo forte no meio de campo, com mobilidade, troca rápida de passes, triangulações. A aposta eram mesmo os cruzamentos. E, num deles, deu certo. Eduardo Arroz cruzou da direita e Dênis Marques, desmarcado, bateu de primeira, com a bola ainda no ar, para empatar a partida.
A virada poderia ter vindo pouco depois. O zagueiro Leandro Souza apareceu no ataque, recebeu de Geílson na área e furou na batida. A bola sobrou para Carlinhos Bala, que bateu nas costas de um defensor.
Apesar de não criar chances contundentes, o Penarol era o time que mais ficava com a bola em campo. Era visível uma certa passividade do Santa Cruz na marcação, que estava muito atrás.
No único lance em que o Tricolor pressionou o Penarol, conseguiu uma boa chance de gol. Em um contra-ataque possibilitado pela pressão de Geílson sobre um defensor, que errou o passe, Bala recuperou, tocou para Dutra, que acionou Weslley em ótimas condições, na entrada da grande área, de frente para a meta. O meia tentou chutar colocado, mas o goleiro Rascifran espalmou para a direita. Por muito pouco, Dênis Marques não alcançou o rebote de cabeça.
Nos últimos 15 minutos do primeiro tempo, chegou-se a ouvir vaias aos corais, devido à lentidão na saída para o jogo e à falta de criatividade, devido também aos longos momentos em que o Penarol tocava a bola tranquilamente na intermediária. Sem reagir, os jogadores voltaram a ser vaiados na descida para o intervalo com o placar empatado.
SEGUNDO TEMPO
Era esperada uma reação da equipe tricolor na volta para o segundo tempo. O atraso de alguns minutos para o time voltar do vestiário sugeriu que viria uma mudança de postura. Mas não. O time seguida em ritmo lento e voltou a ouvir vaias logo aos sete minutos.
Na primeira boa chegada ao ataque, aos 10 minutos, Dutra cruzou, a bola foi para Weslley, no meio de dois zagueiros. O meia só alcançou a bola com o joelho e não dominou.
Acionados pelo técnico Zé Teodoro aos 13 minutos, o meia Renatinho e o volante Sandro Manoel substituíram Geílson e Léo, respectivamente. As mudanças não surtiram efeito na forma de jogar do tricolor, que não tinha apetite pela vitória. Num deserto de criatividade, foi da dupla a melhor jogada tricolor até a metade do segundo tempo. Sandro cruzou da esquerda e Renatinho bateu para fora, muito perto do poste à esquerda de Rascifran.
O Penarol se fechava, buscava a recuperação de bola e ficava valorizando a posse dela. Entretanto, segurava demais o jogo na intermediária. Não se expunha muito ao ataque. Parecia até que o placar lhe era favorável. No entanto, era só estratégia tática. O time esperou para se mandar ao ataque. E, quando chegou, não vacilou.
O Leão (apelido do Penarol) desempatou a partida aos 27 minutos. Marinelson cruzou da direita, Fábio Bala matou no peito e bateu no canto. Leandro Souza falhou na marcação ao atacante, que recebeu livre.
Mas o Santa Cruz teve a felicidade de alcançar o empate logo em seguida. Dois minutos depois de sofrer o gol, empatou. Memo colheu a bola na entrada da pequena área e bateu forte, no alto. Rascifram espalmou, mas não evitou o destino: as redes.
O placar voltava a ser favorável ao Santa Cruz, mas era perigoso. Com dois gols marcados fora, qualquer resultado de vitória daria a classificação do Penarol.
E o time amazonense seguiu em busca da classificação, mostrando virtudes características do clube em cujo nome se inspirou, o Peñarol do Uruguai. Teve um bom momento aos 32 minutos. Tocou a bola com velocidade no campo do Santa Cruz, pela esquerda, pelo meio e depois pela direita. Um cruzamento por pouco não chegou para um atacante dos visitantes.
Bravo, o Penarol chegou ao gol da vitória aos 34 minutos do segundo tempo. Rondinelli recebeu de Marinelson, que fez o papel de pivô, entrou na área pela esquerda e bateu à esquerda de Tiago Cardoso. A bola caminhou até a rede perto do poste esquerdo. Com o improvável 3 a 2, o placar pela primeira vez daria a classificação aos amazonenses.
O Santa Cruz despertou de seu sono. Partiu para cima com tudo. Teve mais volume de jogo do que em toda a partida. Willian recuou para o goleiro. Carlinhos Bala errou um voleio dentro da pequena área aos 45 minutos do segundo tempo. Mas a batalha só aconteceu na hora errada, e o tempo terminou pouco. Os corais não evitaram o pesadelo.
O jogo tinha tudo para ser fácil para o Santa Cruz, mas a sua passividade foi o combustível do adversário. No final, quem recebeu aplausos da torcida tricolor foi o Penarol. Agora a Cobra Coral volta a se concentrar apenas no Campeonato Pernambucano, no qual não vai bem. É o atual quarto lugar.
FICHA DO JOGO
Santa Cruz-PE 2 x 3 Penarol-AM
Santa Cruz: Tiago Cardoso, Eduardo Arroz, William, Leandro Souza e Dutra; Léo (Sandro Manoel), Memo, Weslley (Luciano Henrique) e Carlinhos Bala; Dênis Marques e Geílson (Renatinho). Técnico: Zé Teodoro.
Penarol-AM: Rascifran; Isaac, Edson, Anderson Cristo e He-Man (Marcos Pezão); Rondinelli, Paulo Roberto, Fininho (Celsinho) e Igor Cearense; Fernando (Fábio Bala) e Marinelson. Técnico: Roberto Oliveira.
Local: Arruda. Árbitro: Ítalo Medeiros de Azevedo (RN). Assistentes: Izac Márcio da Silva e Vinícius Melo de Lima (RN). Gols: Marinelson (P), aos 8', Dênis Marques (S), aos 15' do 1º tempo; Fábio Bala (P), aos 27', Memo (S), aos 29', Rondinelli (P), aos 34' do 2º tempo. Cartões amarelos: Eduardo Arroz, Leandro Souza (S), Igor Cearense, Paulo Roberto (P). Público: 11.677. Renda: R$ 100.900,00.
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