quarta-feira, 25 de abril de 2012

É muito fácil culpar a arbitragem pernambucana

Difícil é assumir a própria responsabilidade Acontece em quase toda derrota dos três grandes do Recife no futebol pernambucano, principalmente em jogos decisivos. O árbitro é citado nos discursos dos times que perdem. O discurso é carregado de palavras fortes até mesmo contra a honra dos homens do apito, e não raro se levanta suspeitas sobre a integridade moral deles. Tem sido essa a conduta do Náutico após a perda da primeira partida semifinal contra o Sport. Os alvirrubros elegeram o culpado pelo próprio tropeço. O árbitro Ricardo Tavares. Os erros e acertos do time foram esquecidos. Os gols perdidos, os pênaltis cometidos, a marcação falha em Marcelinho Paraíba no primeiro gol não foram reconhecidos. A responsabilidade da derrota foi transferida ao juiz. O erro dele foi não ter dado o segundo cartão amarelo em Renê por volta dos 17 minutos do primeiro tempo, mas dado a Elicarlos aos 9 do segundo tempo por uma falta mais leve. A partida poderia ser outra com a expulsão de Renê, mas não houve atuação direta da arbitragem no resultado do confronto; e a expulsão de um adversário não garante vitória de ninguém, vide o Chelsea, que segurou o Barcelona. A arbitragem teve esse problema, mas não foi desastrosa, como tentam pintar os alvirrubros. O árbitro acertou ao marcar dois pênaltis para o Leão e também acertou ao não marcar o pênalti pedido pelo Timbu. Isso tem de ser levado em conta. O que intriga é que o Náutico, antes da citada partida, vinha defendendo a presença de árbitros do quadro da Federação Pernambucana de Futebol. Agora, quando se sentiu prejudicado, voltou atrás e bateu o pé: só se for de fora. Os árbitros da federação local não são competentes, dizem. Os jogadores dos times locais são? Os dirigentes do Náutico têm o direito e até dever de cobrar uma arbitragem melhor. Pode-se questionar o fato de o oitavo árbitro no ranking da Comissão de Arbitragem da FPF, Ricardo Tavares, ter ido ao sorteio junto com o quinto, Gleydson Leite. Nesse ranking, à frente de Tavares estão Sandro Meira Ricci (indisponível por lesão), Nielson Nogueira Dias, Claudio Mercante, Emerson Sobral, Sebastião Rufino Filho e Gilberto Castro Júnior. Alguns deles têm alta rejeição (Mercante e Sobral), mas Nielson, Rufino Filho — que foram para o sorteio de Salgueiro x Santa Cruz — e Castro Júnior poderiam ter entrado. O que não pode acontecer é se criar um clima de guerra — o que os dirigentes alvirrubros estão fazendo. O discurso insininua roubo. Na coletiva pós-jogo, Armando Ribeiro disse que já estava tudo acertado entre o árbitro e o Sport. O mais grave de tudo foi o presidente Paulo Wanderley declarar que "O jogo de domingo não vai terminar bem". Uma declaração inconsequente, de certa forma uma ameaça. Em tempos em que se sonha com a paz no futebol, isso chama o caminho contrário. Um absurdo. É preciso saber perder. É preciso ter honra e não desonrar os demais. O sentimento alvirrubro após a primeira semifinal poderia diferente: o time jogou muito melhor que as últimas 10 partidas anteriores, cresceu, teve volume de jogo, muitas chances de gol, poderia ter até vencido por um placar folgado. Precisa corrigir os erros de finalização e da defesa para brigar pela vaga no segundo jogo. Mas o sentimento é derrotista, o de que, não importa o quanto o Náutico se esforce, sempre sairá derrotado por causas externas. A mentalidade vencedora é diferente. Compreende que o sucesso e o fracasso do time são de responsabilidade própria. Não liga para a arbitragem, para os rivais. O time joga para vencer, não se abate com a arbitragem, não cria teorias de perseguição. Gallo teve um discurso próximo a esse na entrevista pós-clássico. No entanto, falta essa mentalidade vencedora ao Náutico dos últimos tempos, a começar pelos dirigentes. É muito fácil culpar a arbitragem pernambucana. Difícil é assumir a responsabilidade. Assumir que o elenco no momento é mais fraco do que o da Série B. Que as contratações não foram literamente reforços. Que o preparo físico está abaixo do desejado. Que o planejamento começou e continua mal-feito. Fonte:blogdotorcedor

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