Da Gazeta Esportiva
Em julgamento realizado ininterruptamente por mais de cinco horas nesta terça-feira, houve a definição do futuro de três clubes e de uma polêmica que parecia sem fim. A decisão foi não punir Fortaleza e CRB, mantendo o primeiro na Série C do Brasileirão em 2012 e o outro na segunda fase da competição de 2011. O Campinense, que se moveu juridicamente para reverter essa decisão, está rebaixado para a Série D.
O único motivo de punição para para Fortaleza e CRB foi o atraso na entrada para o segundo tempo, que rendeu multa de R$ 20 mil para ambos. A multa do time cearense aumenta em R$ 5 mil por conta da garrafa atirada em campo.
A diretoria do Campinense pedia a eliminação de Fortaleza e CRB do Campeonato Brasileiro da Série C por conta da suposta manipulação de resultados no duelo entre as duas equipes pela última rodada, que deu a classificação aos alagoanos e o não-rebaixamento aos cearenses, que golearam por 4 a 1 e se salvaram.
Para auxiliar na defesa, o advogado do Campinense preparou uma série de provas em vídeo que traziam denúncias em relação ao pagamento de suborno para que atletas do CRB facilitassem a partida, como um diálogo entre reservas do Fortaleza e Aloísio Chulapa, que ouve ao final: "Você vai ficar com o cheque, rapá".
No final da edição de imagens, a música "Reunião de bacana", de Bezerra da Silva, ecoou nas caixas de som, gerando protesto dos advogados do Fortaleza, indignados com a edição parcial do vídeo. O refrão da referida música traz o célebre verso: "Se gritar pega ladrão não fica um, meu irmão".
Lançando mão de leitura labial, além de outros recursos visuais, o advogado do Campinense encerrou suas alegações, ao passo de que os advogados do Fortaleza também utilizaram vídeos para tentar provar o contrário, registrar a inocência dos jogadores do clube e mostrar "fatos mais relevantes" do que as acusações infundadas do time paraibano, dizendo que o gol marcado pelo Campinense sobre o Guarany de Sobral estava em posição irregular.
O julgamento prosseguiu em clima quente, principalmente quando um advogado do Fortaleza pediu para exibir os últimos 25 minutos da partida contra o CRB e ouviu do representante do Campinense a provocação: "Vamos ver o jogo inteiro de uma vez...".
No depoimento de Carlinhos Bala, do Fortaleza, o relator leu todas as acusações feitas contra o jogador, que rebateu: "Fui jogador de futebol desde os 16 anos e tudo o que conquistei foi com honestidade. No terceiro gol eu disse que só faltava outro, esculhambei o zagueiro do CRB que me zoou por ter perdido o pênalti. Xinguei várias vezes. Jamais pediria para um adversário facilitar ou entregar o jogo".
Nas alegações finais, o advogado do Campinense apelou para o lado sentimental: "Ensino aos meus filhos que o importante é competir. Não sei o que vou dizer a eles quando chegar em casa dependendo do resultado desse processo", colocando o caso como uma das maiores vergonhas da história do futebol brasileiro e sendo rebatido por Marcelo Desidério, da Federação Cearense de Futebol, que afirmou que o Campinense estava mendigando o retorno à Série C.
No voto dos relatores, a situação foi resolvida. Mesmo com um deles garantindo que tinha "caroço embaixo desse angu" e que deverá haver uma ação de impugnação para anular o posicionamento desta auditoria, a decisão foi de não excluir o Fortaleza e o CRB da competição. No entanto, o atacante Carlinhos Bala pagou o pato e foi penalizado em seis jogos de suspensão e mais uma multa de R$ 10 mil.
Os jogadores do CRB envolvidos também tiveram punições divergentes. Paulo Rodrigues levou um jogo, o goleiro Cristiano dois e Maizena absolvido.
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